quinta-feira, 24 de abril de 2014

                                                          Páscoa: “Passagem”!

Por Pe. Francisco Belarmino Gomes, SCJ
Páscoa, vem do hebraico “Pessach” e significa passagem. A Páscoa era comemorada pelos judeus do Antigo Testamento, é bom ressaltar que, ainda hoje os israelitas todos os anos a celebram. A celebração da Páscoa deve ser vista como elemento central da experiência do povo do Antigo Testamento, porque constitui o memorial fundador da história deste povo, tido como o povo de Deus.
O rito pascal, tal como narra o livro do Êxodo (Ex 12,13;16), junta dois ritos de diferentes fontes: o rito da imolação do cordeiro primogênito, que constituía uma festa dos pastores, que na primavera aspergiam com o sangue de um cordeiro as vigas de suas tendas… e o rito dos pães ázimos, rito agrícola em que os camponeses ofereciam os primeiros frutos de suas colheitas. Estes dois ritos unificados e situados no contexto histórico salvifico do Êxodo do Egito e do selamento da aliança com IAHWEH, “Eu Sou Aquele Que Sou”.
Por conseguinte, o ritual da Páscoa conserva a lembrança da passagem do anjo libertador, na noite em que os primogênitos dos egípcios foram mortos. “Quando seus filhos perguntarem que rito é este? Vocês responderão: É o sacrifício da Páscoa de Javé! Ele passou no Egito junto às casas dos filhos de Israel, ferindo os egípcios e protegendo nossas casas” (Ex 12,26-27). Esta foi a Páscoa dos judeus, até hoje comemorada todos os anos. É bom ressaltar que, para os judeus, o Messias está por vir.
Páscoa Cristã
Segundo a maioria dos exegetas Cristo celebrou a páscoa tradicional dos hebreus. No entanto, terminada a páscoa judaica, Jesus passa a um rito novo em que o cordeiro ou cabrito, nem ervas amargas. Sobre a mesa, havia pão e vinho. Disse Jesus: ”Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco antes de sofrer”. Tomando o pão, deu graças, partiu e deu a eles dizendo: Isto é o meu corpo, que se entrega por vós. Fazei isto em minha memória. Depois de haver ceado, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que se derrama por vós (Lc 22,19-20). Estava deste modo, instituída a Páscoa Cristã… A sua plenitude consumar-se-á com a morte e a ressurreição do Senhor.
Preso, julgado e condenado à morte na Cruz e sepultado por alguns amigos, Jesus ressuscitou três dias após, logo após a páscoa judaica (num Domingo). Os cristãos desde então, passaram a celebrar a Páscoa, a Páscoa da ressurreição de Jesus.
O Apóstolo São Paulo escreveu: “Sem a verdade da Ressurreição, todo o cristianismo desmorona e perde substância”. Nossa fé, nossa religião, nosso compromisso cristão, nossa vida de oração e renúncias, toda a nossa jornada terrestre se alicerça sobre o dogma da Ressurreição.
O mundo no qual vivemos é um mundo confuso, inquieto, tumultuado. Algumas pessoas vivem amarguradas, insatisfeitas, sem alegria de viver. Cristãos tristes e desanimados são cristãos que não entenderam, que não assimilaram o mistério da ressurreição.
Páscoa é a grande festa cristã. Páscoa é júbilo, vitória, libertação. Bem-aventurados somos, quando nos mostramos invencíveis na esperança e audaciosos na vivencia da fé, lutando com todas as nossas forças, para que haja mais harmonia, mais compreensão, mais justiça no mundo.
A Ressurreição de Cristo é objeto de fé enquanto intervenção transcendente do próprio Deus na criação e na história. Nela, as três pessoas divinas agem ao mesmo tempo, juntas, e manifestam sua originalidade própria. Ela aconteceu pelo poder do Pai que ressuscitou Cristo, seu Filho, e desta forma introduziu de modo perfeito sua humanidade. Jesus é definitivamente revelado “Filho de Deus com poder por sua Ressurreição dos mortos segundo o Espírito de Santidade” (Rm 1,4).
A Ressurreição constitui antes de mais nada a confirmação de tudo o que o próprio Cristo fez e ensinou. Portanto, todas as verdades, mesmo as mais inaceitáveis ao espírito humano, encontram sua justificação se, ao ressuscitar, Cristo deu a prova definitiva, que havia prometido, de sua autoridade Divina.

Feliz e abençoada Páscoa!
Pe. Francisco Belarmino Gomes SCJ