Páscoa: “Passagem”!
Por Pe. Francisco Belarmino Gomes, SCJ
Por Pe. Francisco Belarmino Gomes, SCJ
Páscoa, vem do hebraico
“Pessach” e significa passagem. A Páscoa era comemorada pelos judeus do Antigo
Testamento, é bom ressaltar que, ainda hoje os israelitas todos os anos a
celebram. A celebração da Páscoa deve ser vista como elemento central da
experiência do povo do Antigo Testamento, porque constitui o memorial fundador
da história deste povo, tido como o povo de Deus.
O rito pascal, tal como
narra o livro do Êxodo (Ex 12,13;16), junta dois ritos de diferentes fontes: o
rito da imolação do cordeiro primogênito, que constituía uma festa dos
pastores, que na primavera aspergiam com o sangue de um cordeiro as vigas de
suas tendas… e o rito dos pães ázimos, rito agrícola em que os camponeses
ofereciam os primeiros frutos de suas colheitas. Estes dois ritos unificados e
situados no contexto histórico salvifico do Êxodo do Egito e do selamento da
aliança com IAHWEH, “Eu Sou Aquele Que Sou”.
Por conseguinte, o ritual
da Páscoa conserva a lembrança da passagem do anjo libertador, na noite em que
os primogênitos dos egípcios foram mortos. “Quando seus filhos perguntarem que
rito é este? Vocês responderão: É o sacrifício da Páscoa de Javé! Ele passou no
Egito junto às casas dos filhos de Israel, ferindo os egípcios e protegendo
nossas casas” (Ex 12,26-27). Esta foi a Páscoa dos judeus, até hoje comemorada
todos os anos. É bom ressaltar que, para os judeus, o Messias está por vir.
Páscoa Cristã
Segundo a maioria dos
exegetas Cristo celebrou a páscoa tradicional dos hebreus. No entanto,
terminada a páscoa judaica, Jesus passa a um rito novo em que o cordeiro ou
cabrito, nem ervas amargas. Sobre a mesa, havia pão e vinho. Disse Jesus: ”Desejei ardentemente comer esta Páscoa
convosco antes de sofrer”. Tomando
o pão, deu graças, partiu e deu a eles dizendo: Isto é o meu corpo, que se
entrega por vós. Fazei isto em minha memória. Depois de haver ceado, tomou o
cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que se derrama por
vós (Lc 22,19-20).
Estava deste modo, instituída a Páscoa Cristã… A sua plenitude consumar-se-á
com a morte e a ressurreição do Senhor.
Preso, julgado e condenado
à morte na Cruz e sepultado por alguns amigos, Jesus ressuscitou três dias
após, logo após a páscoa judaica (num Domingo). Os cristãos desde então,
passaram a celebrar a Páscoa, a Páscoa da ressurreição de Jesus.
O Apóstolo São Paulo
escreveu: “Sem a verdade da Ressurreição, todo o cristianismo desmorona e perde
substância”. Nossa fé, nossa religião, nosso compromisso cristão, nossa vida de
oração e renúncias, toda a nossa jornada terrestre se alicerça sobre o dogma da
Ressurreição.
O mundo no qual vivemos é
um mundo confuso, inquieto, tumultuado. Algumas pessoas vivem amarguradas,
insatisfeitas, sem alegria de viver. Cristãos tristes e desanimados são
cristãos que não entenderam, que não assimilaram o mistério da ressurreição.
Páscoa
é a grande festa cristã. Páscoa é júbilo, vitória, libertação. Bem-aventurados
somos, quando nos mostramos invencíveis na esperança e audaciosos na vivencia
da fé, lutando com todas as nossas forças, para que haja mais harmonia, mais
compreensão, mais justiça no mundo.
A Ressurreição de Cristo é
objeto de fé enquanto intervenção transcendente do próprio Deus na criação e na
história. Nela, as três pessoas divinas agem ao mesmo tempo, juntas, e
manifestam sua originalidade própria. Ela aconteceu pelo poder do Pai que
ressuscitou Cristo, seu Filho, e desta forma introduziu de modo perfeito sua
humanidade. Jesus é definitivamente revelado “Filho de Deus com poder por sua
Ressurreição dos mortos segundo o Espírito de Santidade” (Rm 1,4).
A Ressurreição constitui
antes de mais nada a confirmação de tudo o que o próprio Cristo fez e ensinou.
Portanto, todas as verdades, mesmo as mais inaceitáveis ao espírito humano,
encontram sua justificação se, ao ressuscitar, Cristo deu a prova definitiva,
que havia prometido, de sua autoridade Divina.
Feliz e abençoada Páscoa!
Pe. Francisco Belarmino Gomes SCJ
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